A TV Record, fundada na década de 1950 pelo empresário e jornalista Paulo Machado de Carvalho, destacou-se nacionalmente pela produção de novelas e festivais musicais. Em 1989, passou a ser administrada pela Igreja Universal do Reino de Deus, sob a liderança do Bispo Edir Macedo. Desde então, a TV Record tem atuado como um instrumento de propaganda do estado sionista de Israel. Logo nos primeiros programas sob a direção da Igreja Universal, a emissora incorporou simbolicamente o candelabro judaico, o menorá, em sua programação e eventos. Esse símbolo, frequentemente associado à herança judaica e à história bíblica, destaca a conexão da Igreja Universal, mantenedora da TV Record, com o judaísmo e evidencia o alinhamento ideológico do Bispo Edir Macedo.
Vale ressaltar que, de acordo com o sociólogo francês Pierre Bourdieu, artefatos e símbolos não são meros objetos; carregam significados culturais e sociais. O uso de um símbolo como o menorá, especialmente em momentos específicos, é carregado de intencionalidade, como quando utilizado em propagandas televisivas. Dessa forma, não é surpreendente que a TV Record evidencie sua afinidade com a promoção do estado sionista de Israel. O próprio Edir Macedo deixa clara essa aliança ao enfatizar a importância do povo judeu na Bíblia e a relação histórica entre cristãos e judeus. No entanto, essa postura também faz parte de uma estratégia para atrair fiéis que valorizam a conexão da fé cristã com Israel, o que alguns teólogos consideram uma distorção. Essa tendência de judaização do cristianismo é criticada por teólogos e líderes evangélicos, como o Pastor Augustus Nicodemus Lopes, da Igreja Presbiteriana do Brasil, e o Pastor Caio Fábio, que refutam essa tendência.
No início dos anos 2000, a emissora adotou o nome Rede Record, atraindo novos parceiros e investidores, como a rede de fast-food McDonald’s, o Banco Itaú e a operadora de telefonia Claro. Dentre esses, destaca-se a parceria com o McDonald’s, iniciada em 1999. O McDonald’s tem entre seus principais acionistas o The Vanguard Group, a BlackRock e a Berkshire Hathaway – de Warren Buffet –, holdings dos EUA e apoiadoras do estado sionista, configurando-se como parceiros estratégicos da Rede Record.
Nas suas programações e coberturas jornalistas, nota-se uma tendência clara de valorizar a cultura ocidental em detrimento da cultura oriental, especialmente em relação aos povos muçulmanos. Isso ficou evidente durante a visita ao Brasil, em 2017, do Aiatolá Mohsen Araki, conhecido por seu trabalho no diálogo inter-religioso. Sua presença foi alvo de críticas e de disseminação de notícias distorcidas e tendenciosas. Na mesma linha da Rede Record, outras emissoras, revistas e jornais adotaram uma postura difamatória, como a Revista Veja, que, em editorial de 15 de julho de 2017, escreveu: “Aiatolá que prega a destruição de Israel visitará o Brasil; um dos religiosos mais influentes do Irã, conhecido por seus vínculos com o Hezbollah, fará palestra sobre terrorismo em São Paulo” e o Jornal o Globo, que na mesma ocasião afirmou: “A presença de Araki no Brasil foi alvo de críticas; muitos afirmam que ele prega a destruição de Israel e ódio aos judeus, além de manter ligações com líderes extremistas. A Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) manifestou repúdio à visita do clérigo, declarando em comunicado que ‘repudia veementemente a vinda a São Paulo do aiatolá xiita iraquiano Mohsen Araki, que em suas pregações conclama à eliminação do Estado de Israel’”. A Rede Record, por sua vez, teve plena liberdade para cobrir o evento, entrevistar participantes e palestrantes e acessar as informações diretamente. Apesar desse acesso, a emissora optou por distorcer os fatos, promovendo a desinformação. Em uma de suas declarações, a Record afirmou que “aparentemente o evento é contra o terrorismo e radicalismos”, lançando uma dúvida sobre a verdadeira natureza do encontro, de forma ardilosa. Há, portanto, uma tendência de promover desinformação e manipulação da realidade quando se trata de povos muçulmanos.
Na atual conjuntura, não surpreende a postura da Rede Record e de seus canais associados diante das atrocidades cometidas pelo estado sionista de Israel em Gaza e no Líbano. A Igreja Universal demonstra de forma cada vez mais evidente seu posicionamento e apoio. Nas últimas eleições, a Rede Record também reforçou seu alinhamento, posicionando-se como apoiadora de pautas da extrema direita. Há tempos, a Igreja Universal realiza eventos e atividades que fortalecem os laços com o sionismo, incluindo visitas a Israel e o uso de seus símbolos em celebrações. Essa aproximação foi amplamente abordada em reportagem da Revista Veja, publicada em 2 de agosto de 2014, intitulada “Rabi Edir? Quase isso.” Na foto, Edir Macedo aparece com quipá e xale de orações nas cores da bandeira israelense, o que evidencia o alinhamento da TV Record com o sionismo e sua postura diante do genocídio cometido por Israel em Gaza e no Líbano.
É, portanto, imperativo que o telespectador, ao consumir os noticiários da TV Record, tenha consciência de que suas produções estão alinhadas com as ideologias e narrativas promovidas pelo governo do primeiro-ministro sionista, Benjamin Netanyahu.
André Conrado