Israel tem atacado o Líbano há mais de um ano, intensificando suas ofensivas nos últimos dois meses. Esses ataques resultaram na destruição de mais de 37 aldeias e em mais de 40 mil casas arrasadas, conforme confirmado por uma agência de notícias do Líbano até o dia 5 de novembro, data em que esta matéria foi escrita.
Vídeos e imagens de destruição circulam amplamente nas redes sociais e são compartilhados em grupos e até em redes nacionais. A maioria dessas cenas mostra o exército sionista de Israel demolindo aldeias inteiras, enquanto soldados comemoram a destruição. É comum ver soldados realizando rituais em casas, alegando que estão em terras de seus ancestrais.
Os pretextos são sempre os mesmos: “depósito de armas” ou “ameaça iminente à segurança nacional de Israel.” São essas as justificativas que o “exército mais ético do mundo” utiliza para destruir tudo o que encontra.
Certa vez, um político israelense declarou: “Israel deve agir como um pitbull para que ninguém ouse atacá-la”. Talvez essa mentalidade explique como Israel se tornou um dos estados em guerra que mais acumula recordes de violência. É o país que mais matou jornalistas, crianças, mulheres e inocentes e o que mais usou armas e mísseis em uma área tão pequena quanto Gaza. Agora, essa realidade se repete no Líbano.
Essas casas, sejam em Gaza ou no Líbano, em cidades, aldeias ou vilarejos, não são apenas paredes e pedras. São lares, são abrigos que guardam histórias e memórias de pessoas — algumas já falecidas, outras ainda vivas e deslocadas de seus lares.
“É muito difícil ver sua própria casa destruída; é uma tristeza profunda ver o lugar onde cresci em ruínas”, afirma Youssef Mohamad Jebahi, jovem brasileiro nascido em São Paulo, mas que viveu toda a infância no apartamento da família em um bairro xiita no subúrbio de Beirute.
“Ali nós brincávamos, nos divertíamos, nos reuníamos com nossos parentes, primos e amigos. Foi lá que passei toda minha infância”, conta Youssef, enquanto mostra imagens de sua casa e dos momentos que viveu lá.
O cenário é devastador: bairros inteiros destruídos, milhares de mártires e outros tantos deslocados. Muitos deixam o país, enquanto outros lutam para sobreviver. Mas não são apenas libaneses e palestinos que sofrem. Israel encontra uma resistência sem precedentes. Os jovens que defendem sua pátria, dignidade e causa estão mostrando ao mundo o verdadeiro sentido de resistência. Mesmo após um ano, a resistência palestina em Gaza e no Líbano prova que o verdadeiro poder não está nas armas, mas em estar do lado certo e lutar por uma causa. “Os aviões podem derrubar casas, prédios, matar inocentes e causar destruição. Mas nunca vão matar nossa força. Voltaremos, reconstruiremos nossas casas e viveremos em nossa terra, porque ela é nossa”, declara Youssef com firmeza.
Haj Nasser Al-Khazraji