De acordo com estimativas da ONU, de uma população de 2,3 milhões, um milhão de mulheres perdeu suas casas.
Milhares de mulheres têm sido forçadas a dar à luz em condições desumanas e degradantes. Enfrentam o parto em tendas ou na rua, não há anestésicos, medicamentos ou suprimentos sanitários suficientes, o que torna a intervenção cirúrgica quase impossível.
Crise de Humanidade
A representante do Fundo de População da ONU (UNFPA) para o Estado da Palestina descreveu a situação de mães e bebês em Gaza: “É um pesadelo, muito mais do que uma crise humanitária… É uma crise de humanidade além de catastrófica”, disse Dominic Allen.
Os constantes ataques israelenses deixaram seus filhos traumatizados, e elas têm de lidar com muito mais novas cargas desde o início da guerra. Reham é uma mulher palestina de 24 anos que passou por uma dolorosa provação. Ela e sua família foram desalojados em Gaza depois que seu apartamento foi destruído por ataques israelenses. Além de perder sua casa, a jovem também perdeu sua gravidez de cinco meses, quando entrou em choque por saber que a casa de seus pais havia sido atingida por um ataque aéreo direto, matando dois de seus irmãos. “Minha vizinha foi morta por um ataque aéreo enquanto dava à luz, ao lado do marido. Meus dois irmãos foram mortos quando tentavam fugir da casa de meus pais. Meu irmão agora é amputado. O que vem a seguir? Quem será o próximo a ser morto? Serei eu?”, disse Reham.
“Em Gaza”, diz Nadia Habib, uma jovem mãe e esposa, “a vida de uma mulher palestina gira em torno de três coisas. Ela é esposa de um mártir, mãe de um mártir ou a esposa de um homem desaparecido”.
As especialistas da ONU expressaram espanto com a detenção arbitrária de centenas de mulheres e meninas palestinas, incluindo defensoras dos direitos humanos: “Estamos especialmente angustiadas pelos relatos de que mulheres e meninas palestinas presas têm sido submetidas a diversas formas de violência sexual, como serem despidas e revistas nuas por oficiais israelenses homens”. Os relatos de estupros aumentam.
“Embora essa guerra não poupe ninguém, os dados da UN Women mostram que ela mata e fere as mulheres de maneira sem precedentes”, disse a organização. “Mais de 4 em cada 5 mulheres (84%) relatam que sua família come metade ou menos do que costumava comer antes do início da guerra, sendo que mães e mulheres adultas são as encarregadas de obter alimentos, mas comem por último e menos do que todos os outros”.
Apesar do sofrimento inimaginável vivido pelas mulheres em Gaza, a comunidade internacional tem falhado em incluir em sua agenda qualquer plano para protegê-las..
No entanto, as mulheres de Gaza, sua coragem, fé e apego à sua terra e às suas famílias inspiraram o mundo. As mulheres palestinas são corajosas e resistentes. Elas merecem paz, justiça e dignidade.