Nos últimos dois dias, a guerra entre Irã e Israel escalou dramaticamente, com ataques coordenados de Israel e dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas, resultando em mais de 430 mortes, majoritariamente civis, e cerca de 3.500 feridos, segundo o Ministério da Saúde do Irã. A ofensiva, iniciada por Israel em 13 de junho, intensificou-se com os bombardeios americanos em 22 de junho contra os sítios nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, descritos pelo presidente Donald Trump como um “sucesso espetacular”. O Irã, sob a liderança do aiatolá Ali Khamenei e do presidente Masoud Pezeshkian, denunciou os ataques como uma “traição à diplomacia” e prometeu retaliar com “dano irreparável” caso a agressão continue.

Os ataques americanos, realizados com bombas “bunker buster” de 30.000 libras lançadas por bombardeiros B-2, visaram as principais instalações de enriquecimento de urânio do Irã. Apesar das alegações de Trump de que os sítios foram “completamente obliterados”, autoridades iranianas afirmam que os danos foram mínimos, especialmente em Fordow, uma instalação fortificada sob uma montanha. A Organização de Energia Atômica do Irã confirmou os ataques, mas negou qualquer contaminação radioativa, reforçando que seu programa nuclear é estritamente pacífico. O ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, acusou os EUA e declarou que o Irã exercerá seu direito de autodefesa, sem descartar retaliações contra interesses americanos na região.

Em resposta, o Irã lançou uma nova onda de mísseis balísticos e drones contra Israel no dia 21 de junho. A retaliação iraniana incluiu ameaças de fechar o Estreito de Ormuz, uma rota crucial para o comércio global de petróleo, o que já provoca temores de disparada nos preços do petróleo. O Parlamento iraniano aprovou a medida, aguardando apenas a confirmação final do Conselho Supremo liderado por Khamenei.
A escalada do conflito gerou protestos massivos ao redor do mundo. Em Teerã, dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas após as orações de sexta-feira, 20 de junho, entoando gritos de “Morte a Israel” e “Morte à América”. Manifestações semelhantes ocorreram em cidades como Tabriz, Mashhad e, até mesmo, Meca, expressando apoio às forças armadas iranianas. No Iraque e no Líbano, protestos também condenaram os ataques israelenses, enquanto em Nova York, Londres e outras cidades ocidentais, milhares marcharam contra a intervenção americana e israelense, exigindo um cessar-fogo imediato. No Brasil, posts em redes sociais refletiram indignação com a “covardia” da dupla EUA-Israel, destacando a traição às tentativas iranianas de negociação.
O Irã mantém que suas ambições nucleares são pacíficas, uma posição reiterada por Araghchi, que acusou Israel de interromper negociações nucleares em Omã, agendadas para dois dias antes do ataque americano. A comunidade internacional está dividida. Países como Cuba, Venezuela, Rússia e China condenaram os ataques, com o presidente cubano Miguel Díaz-Canel alertando para o risco de expansão do conflito. O secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu a situação como uma “espiral de caos”, enquanto nações latino-americanas como Colômbia e México pediram diálogo e desescalada.
Internamente, o Irã demonstra resiliência. Apesar das dificuldades econômicas agravadas pela guerra. O presidente Pezeshkian participou de protestos em Teerã, reforçando a unidade nacional contra a “agressão externa”.

A intervenção americana, autorizada por Trump após pressão do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, marca uma reviravolta em sua promessa de campanha de evitar “guerras intermináveis”. A decisão gerou críticas até mesmo nos EUA, com o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, exigindo explicações sobre os riscos para a segurança americana. No Congresso, debates sobre uma Resolução de Poderes de Guerra buscam limitar as ações militares de Trump, refletindo tensões internas.
O impacto global da guerra é significativo. A Índia, por exemplo, evacuou cidadãos de ambos os países, enquanto o Irã abriu seu espaço aéreo, apesar do conflito, para facilitar voos fretados. No Paquistão, analistas sugerem que a condenação de Israel pode influenciar Trump a reconsiderar novas ações militares. Enquanto isso, aliados iranianos, como os Houthis no Iêmen, ameaçam retomar ataques no Mar Vermelho contra navios americanos.
A narrativa iraniana enfatiza a soberania e a resistência contra o que considera uma agressão injustificada. Khamenei alertou que qualquer envolvimento americano trará “danos irreparáveis”, enquanto Araghchi reiterou que o Irã não suspenderá seu programa nuclear sob pressão. A retórica de Trump, que ameaçou novos ataques caso o Irã não “se renda incondicionalmente”, foi vista como uma provocação, intensificando a desconfiança mútua.
Enquanto o conflito entra em seu nono dia, o futuro permanece incerto. A determinação do Irã em defender sua soberania, aliada à solidariedade de seus cidadãos e ao apoio de parte da comunidade internacional, contrasta com a pressão militar de Israel e dos EUA. Os protestos globais, que ecoam de Teerã a Nova York, refletem o clamor por paz em meio a uma crise que ameaça desestabilizar o Oriente Médio e além. A resposta do Irã, tanto militar quanto diplomática, será crucial para determinar se a região evitará uma guerra ainda mais devastadora.
Fontes: Informações baseadas em relatos de CNN, Al Jazeera, BBC, AP News, The New York Times, The Hindu, Hindustan Times, NBC News, The Guardian, Times of India, Haaretz e posts em redes sociais verificados.