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LULA TINHA RAZÃO: COMO A PALAVRA “GENOCÍDIO” MUDOU O DEBATE INTERNACIONAL SOBRE A PALESTINA

Quando o presidente Lula utilizou o termo “genocídio” para descrever as ações israelenses em Gaza, foi prontamente criticado por Israel e seus aliados. Ainda em fevereiro deste ano, ele havia sido declarado persona non grata pelo governo israelense após comparar os ataques ao Holocausto. No entanto, suas declarações contundentes abriram caminho para um realinhamento diplomático em favor da Palestina.

Lula fundamentou sua afirmação em fatos documentados por organizações de direitos humanos e especialistas da ONU. A Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, de 1948, define o crime como atos cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.

A precisão do termo foi posteriormente validada no mais alto fórum jurídico internacional. A Corte Internacional de Justiça (CIJ), ao analisar o caso apresentado pela África do Sul, determinou medidas cautelares ao considerar “plausível” o risco de genocídio em Gaza. Esse endosso legal transformou a declaração de Lula de uma opinião política ousada em uma antecipação lúcida de um processo judicial em curso.

Lula estava correto. Ele analisou a realidade em Gaza pela lente do direito internacional e da moralidade, e não pelo filtro da conveniência política. O Brasil não é uma potência militar ou econômica comparável aos Estados Unidos ou a potências europeias, mas carrega um significativo capital político e diplomático – especialmente como uma das principais vozes do Sul Global e membro destacado dos BRICS. Quando um líder de tal estatura – figura de projeção mundial com histórico de mediação internacional – emprega um termo tão contundente, amplifica vozes que costumam ser marginalizadas.

Assim, Lula assume um papel de liderança em um bloco de nações que exige a aplicação equitativa do direito internacional e que não aceita passivamente as narrativas dominantes. Sua coragem ao nomear o genocídio representou um ponto de inflexão. A precisão de sua declaração e o subsequente alinhamento de diversos países demonstram que Lula não estava radicalizado ou isolado; estava, na verdade, à frente de seu tempo, liderando por princípios em um momento em que o mundo mais precisava ouvir a verdade.

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