A decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de reduzir os incentivos federais para a produção de carros elétricos nos Estados Unidos pode impactar positivamente o mercado brasileiro. Com a revogação de programas criados por Joe Biden para impulsionar a venda desses veículos, as montadoras chinesas, líderes no setor, devem redirecionar parte de sua produção para outros mercados, incluindo o Brasil.
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Segundo especialistas, a medida de Trump pode aumentar a oferta de carros elétricos no país, o que tende a reduzir os preços. Murillo Torelli, professor de Ciências Contábeis do Mackenzie, explica que, com o mercado americano menos atrativo, as fabricantes chinesas buscarão novos destinos para escoar sua produção. “Há um estoque grande, o que deve achatar os os preços no Brasil”, afirma Torelli. Ele destaca que a lei da oferta e demanda será o principal fator para a redução dos valores, já que as montadoras chinesas terão que competir por espaço no mercado brasileiro.
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Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (Abve), também vê oportunidades nesse cenário. Ele acredita que o Brasil pode se tornar um destino estratégico para investimentos chineses, especialmente com a tendência global de crescimento da eletrificação. Em 2024, as vendas de carros elétricos e híbridos no Brasil cresceram 88%, atingindo 177 mil unidades, o equivalente a 8% do mercado nacional.
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No entanto, para que o Brasil aproveite plenamente essa oportunidade, é essencial que o governo e o setor privado trabalhem juntos para criar um ambiente favorável à produção local. Aumentar a infraestrutura de recarga, oferecer incentivos fiscais para a fabricação de componentes e baterias, e investir em pesquisa e desenvolvimento são medidas cruciais para fortalecer a indústria nacional de veículos elétricos. Além disso, políticas que equilibrem a importação e a produção local serão fundamentais para evitar a dependência excessiva de veículos estrangeiros e garantir que o país se torne um hub regional para a eletromobilidade.