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Os 45 anos da “segunda revolução” iraniana

4 de novembro marca os 45 anos da tomada da embaixada dos EUA em Teerã, uma ação que mudou a dinâmica das relações Irã-EUA e criou uma cadeia de eventos que afetam, até os dias atuais, as relações entre os dois países. O Ayatullah Khomeini chamou a ocupação de “segunda revolução”.

Naquela data, em 1979, um grupo de estudantes iranianos escalou os muros da embaixada no centro de Teerã, fez 52 americanos reféns e manteve a embaixada sob ocupação por 444 dias. Manifestações diárias foram realizadas em frente ao local, pedindo que todos os reféns dos EUA fossem levados a julgamento.

Foi uma ação revolucionária dos jovens iranianos diante da postura dos EUA de espionagem e sabotagem da recém-nascida República Islâmica. E uma mensagem ao governo dos EUA, que havia concedido refúgio e proteção ao Xá Reza Pahlavi, deposto pela Revolução Islâmica, em 11 de fevereiro daquele ano.

Os estudantes capturaram milhares de documentos ultrassecretos triturados da embaixada e, com base nas descobertas realizadas, apelidaram a embaixada dos EUA de “ninho de espiões” americano. Descobriram, por exemplo, que estava em gestação um golpe contra a Revolução Islâmica, com apoio de políticos locais.

Embaixadas americanas funcionam como centros de espionagem, sabotagem e preparativos golpistas. Em 2013, por exemplo, vazamentos de Edward Snowden revelaram que a NSA espionou as comunicações da presidente Dilma Rousseff e de altos funcionários do governo brasileiro, monitorando e-mails e chamadas telefônicas. A espionagem causou indignação no Brasil, que considerou o ato uma violação da soberania nacional, levando Dilma a cancelar uma visita de Estado aos EUA. Detalhes posteriores mostraram que a NSA espionou diversos números de telefone de autoridades brasileiras. As atividades ilegais tiveram como sede, em território nacional, a embaixada americana.

Diante de tantas comprovações da ingerência dos EUA nos assuntos internos dos países, o ex-presidente boliviano, Evo Morales, disse que “o único país onde não haverá golpes são os EUA. Porque lá não tem embaixada americana”.

A data virou um feriado nacional, dedicado à rebeldia da juventude e para reiterar um dos principais pilares da política da República Islâmica: a oposição à arrogância global, um apelido para os EUA e outras potências ocidentais, e o firme compromisso com os povos que lutam por sua soberania, simbolizado no incondicional apoio ao povo palestino.

Por Sayid Marcos Tenório

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